quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Yoga

O maior milagre sôbre a Terra é o homen. O seu corpo, que consiste em ossos, carne e sangue, esconde segredos que êle, durante milênios, procurou deslindar, na busca de uma solução para o grande enigma, o profundo mistério da enorme esfinge. Muitos tentaram solver o mistério do homem, poucos vingaram fazer falar a esfinge. E pouquíssimo, dentre os que cavaram mais fundo, infatigavelmente, no próprio EU, conseguiram, afinal, compreender o maior segredo que existe: êles mesmos.
Na Índia se têm estudado os segredos da alma humana desde tempos imemoriais, e muitos ^ consagraram tôda a existência a êes objetivo a fim de descobrir: que é o homem ? - e qual o seu destino aqui na terra ?
Divorciados da agitação do mundo, concentraram todos os pensamentos e desejos numa única pergunda: quem sou eu ? - O seu labor infatigável, a férrea persistência e ânsia com que se atiraram à procura da verdade, todos deram frutos, e eis que lhe iluminou o espírito e diante dêles se desvelou todo o segrêdo do SER. Compreenderam a VIDA. Foi-lhes possível enxegar as causas mais profundas e mais ocultas. E, aberto à sua frente, viram o caminho que se afasta do sofrimento e se eleva para a liberdade, a felicidade, a eterna beatitude... Conheceram que êsse estado está ao alcance de todo ser humano, e os que assim se viram esclarecidos, apiedados da Humanidade sofredora, principiaram a ensinar às gentes o caminho da redenção e da liberação.
Vários caminhos conduzem ao tôpo. Muitos preferirão a via fácil e confortável, que serpenteia morroa cima, porque a sua constituição física não se presta para escalar precipícios. Outros tomarão por um atalho, subindo encostas mais íngremes. E, finalmente, há os que elegem o caminho mais curso, escalando as muralhas de rochas para atingir mais depressa a meta.
Semelhantemente, pode o homem acercar-se da grande meta interior percorrendo sendos caminhos, de acôrdo com as suas habilidades espirituais e físicas. Os grandes mestres criaram vários sistemas, a fim de colocar o fim colimado ao alcance de todos. Tais sistemas encurtam o caminho, e os que os aplicam alcançam o alvo mais rápida e fácilmente.
O nome coletivo desses sistemas é Yoga.
Os grandes professores e mestres que chegaram às suas metas percorrendo o caminho do Yoga chaman-se Iogues.
Os vários sistemas de Yoga diferem apenas no ponto de partida. A sua essência e finalidade são sempre as mesmas: o perfeito conhecimento desi próprio. Êsse objetivo, porém, só pode ser conciliado mediante uma autodisciplina incondicional. Daí que os vários sistemas de Yoga nos ensinem primeiro que tudo o autodomínio. Mas há sistemas de Yoga que começam disciplinando a mente; outros, pricipiam pelo controle dos sentimentos, e há ainda os que tomam o corpo como ponto de partida; tudo segundo as tendências e habilidades naturais do aluno. Conforme os diferentes caminhos seguidos, as diversas Yogas têm diversos nomes. Recomenda-se, contudo, começar pela Yoga que ensina o controle do corpo. É o caminho da saúde perfeita, que se denomina HATHA YOGA.
O nome Hatha Yoga relaciona-se à verdade sobre a qual se funda o sistema. Avivam-nos o corpo correntes positivas e negativas, e quando essas correntes se acham em completo equilíbrio, gozamos de perfeita saúde. Na antiga linguagem do Oriente, designa-se a corrente positiva pela letra "HA", cujo significado equivale a "SOL". A corrente negativa chama-se "THA", que significa "LUA". A palavra YOGA tem duplo sentido. De um lado, designa a "ação de unir", ao passo que, de outro, designa "jugo". Dessarte, "HATHA YOGA" significa o perfeito conhecimento das duas energias, a energia positiva do Sol e a energia negativa da Lua, a sua associação perfeita harmonia e completo equilíbrio, e a habilidade para controlá-las de maneira absoluta, isto é, para submetê-las ao jugo do nosso "Eu".
Esse sistema é único em todo o mundo, visto que aperfeiçoa conscientemente o corpo, compensa-lhe quaisquer defeitos físicos e empresta-lhe uma esplêndida fôrça vital. Conduz-nos a Hatha Yoga de volta à natureza, familiariza-nos com as forças curativas que possuem as ervas, árvores e raízes, ministra-nos ensinamentos sobre o nosso próprio corpo e as forças que atuam dentro dêle, e lava-nos à íntima harmonia entre corpo e alma. O corpo reageaos menores impulsos da mente, e o estado da mente é poderosamente influenciado pelo estado do corpo. Essa reciprocidade é utilizada pela Hatha Yoga, que torna sadios assim o corpo e a mente. O caminho que se há de seguir é o de tornar conscientes o nosso corpo e tôdas assuas atividades. Até o sistema nervoso simpático e todos os órgãos cujo funcionamento independe, habitualmente, da consciência pode tornar-se subserviente à vontade. A incalculável vantagem ssio é que se pode evitar qualquer funcionamento defeituoso e proteger o corpo de moléstias oriundas de causas funcionais. Posso, por exemplo controlar a atividade do coração e evitar-lhes as palpitações resultantes de algumestímulo externo como o mêdo, uma notícia má ou uma súbita alegria. Posso, assim, protegê-lo com a dilatação, a degenerescência do músculo cardíaco, ou outras moléstias. Ou, podemos controlar as secreções do sistema glandular, posso governar as funções de quase todos os órgãos do corpo e, dessa maneira, governar o meu estado físico. O Hatha Yogue que ascende ao mais alto nível de habilidade tem completo e absoluto domínio sobre o corpo. Pode regular a seu talante a atividade do coração, do aparelho digestivo e o funcionamento de todos os outros órgãos do corpo. Inúmeros viajantes do Ocidente, que, depois de grandes dificuldades, tiveram a boa fortuna de acertar com um verdadeiro Hatha Yogue durante asua visita à Índia confirmaram o fato de que Yogues de 80 ou 90 anos dão a impressao de ter 30 ou 40, e de que - conforme os padrões ocidentais - chegam a idades incrivelmente avançadas porque podem recarregar os seus corpos, à vontade, de novas energias vitais.
O simples prolongar da existência, todavia, não é o objetivo dos Yogues. Não representa a Hatha Yoga um fim em si mesma, mas uma preparação para uma Yoga espiritual mais elevada. É dificílimo desenvolver a consciência e orientar o espírito para um nível mais alto de atividade num corpo doente. Por esse motivo, deveríamo familiarizar-nos primeiro com as fôrças que atuam dentro de nós, a fim de as podermos utilizar e dominar adequadamente mais tarde. Então já não nos será o corpo obstáculo à ascensão a planos mentais e espirituais mais elevados. Algumas pessoas contentam-se em adquirir poderes mágicos com cujo auxílio podem levar a cabo certos atos comumente havidos por milagrosos. Os que assim procedem empacam no meio do caminho e não progridem. A meta pela qual devemos lutar só pode ser a libertação das cadeias do mundo material. Não confundamos, portanto, o fim com os meios. O conhecimento do corpo e de suas fôrças secretas é - por mais importante que seja - apenas um meio para chegar a um fim. Daí que um verdadeiro Hatha Yogue nunca faça demonstrações de sua ciência e habilidades penas para satisfazer uma curiosiadade ociosa. Quem o fizer não será um autêntico Hatha Yogue. O verdadeito Hatha Yogue só se utiliza das suas habilidades quando, por meio delas, pode auxiliar os outros.
Recentemente, a medicina ocidental voltou a atenção para a Hatha Yoga, e os que lhe conhecem os segredos - os Yogues - Oferecem valioso cabedal de informações aos objetivos e finalidades da Medicina.
Os prolegômenos da Hatha Yoga são tão interessantes e úteis que vale a pena conhecê-los e dedicar-lhes atenção. Até os grandes mestres tiveram de iniciar por eles o seu aprendizado, pois sem alfabeto não há leitura. O primeiro passo da Hatha Yoga nos ensina a arte de sermos sadios.
Primeiro que tudo, precisamos familiarizar-nos com o nosso corpo, embora não teoricamente, como nos estudos da Anatomia. A Anatomia ensina-nos o que existe no corpo humando e onde se encontra. Mas o verdadeiro conhecimento do corpo é coisa inteiramente diversa. Significa, na hipótese de eu saber, por exemplo, onde está o coração, que possa também descer a êle com consciência; posso sentir-lhe a forma, as aurículas, os ventrículos e válvulas - tudo de maneira tão clara e positiva que eu talves expressasse melhor a situação se dissesse: "Eu sou o meu coração". E devo ser capaz de fazer o mesmo com o estômago, os intestinos, o fígado, os rins e cada uma das fibras do corpo. Quem jamais praticou quaisquer exercício de Yoga poderá, quando muito conhecer, dessa forma, o palato e o interior da bôca. Entretanto, quem quiser tornar-seum Hatha Yoga deverá exercitar-se por tanta maneira que seja capaz de dirigir a consciência às menores partes do corpo. Chegado a êsse ponto, o passo seguinte consistirá em dirigir a consciência, unida à vontade, às menores fibras do corpo. Voltanto ao exemplo anterior, já não me basta poder penetrar o coração. O coração há de subordinar-se à vontade, de sorte que me seja possível fazer circular o sangue mais devagar ou mais depressa, à minha discrição. Isto não é impossível !. Assim como qualquer pessoa pode aprender a mover a língua, os dedos ou muitas outras partes do corpo ao seu bel-prazer, qualquer um pode aprender também, através da prática sistemática, a controlar cada parte do corpo. Até entre as pessoas comuns, há produndas diferenças no tocante à extensão da consciência dos seus corpos. Também há diferenças nascidas da profissão. Os dedos de um pianista são muito mais independentes e conscientes do que os de uma pessoa que nunca tenha tocado piano. Por que ? - porque o pianista tornou mais conscientes os seus através de constantes exercícios. Quem estuda a Hatha Yoga também pratica constantemente, dia após dia, ano após ano, com paciência e persistência. Mas exercita-se em levar a consciência cada uma das partes do corpo. Valerá isso a pena ? Sim ! Pois os resultados são admiráveis. Descobre em si mesmo fôrças secretas que, a pouco e pouco, aprende a dominar. Aprende que há duas correntes vitais ativas em seu corpo e que o completo equilíbrio de ambas significa saúde perfeita.
Simultâneamente com a expansão da consciência, compreende o dfiscípulo que tudo o que vive no tempo e no espaço está vivo por trazer em si mesmo polaridade e ritmo. Começa a desvendar os segredos da criação. No momento em que o princípio criador emerge do absoluto e se divide em dois, nascem os pólos negativos e positivo, isto é, a polaridade. Entre ambos se estabelece a conexão de pulsações, nasce o ritmo e principiam, emtão, as manifestações da VIDA.
Até nos cristais vamos descobrir a presença de um pólo positivo e outro negativo, e encontramo-los em todos os níveis de expressões de vida. A polaridade e o ritmo dão vida ao universo inteiro. Os movimentos de corpos gigantescos no espaço infinito, como os seus planetas e satélites - até as manchas solares, o pulsar os corações dos sêres vivos, o nosso respirar e ser, tudo isso ocorre num ritmo que nasce da polaridade. Alternam-se, rítmicas, correntes positivas e negativas em completo equilíbrio.
Na mitilogia indiana, o ritmo que atua em todo o universo é simbolizado pela imagem dançarina do deus Shiva. A dança é uma manifestação de ritmo.
A nossa Terra também tem dois pólos, e nós humanos, que nascemos do pó e ao pó retornamos, trazemos igualmente a polaridade dentro de nós, a saber, um pólo positivo e outro negativo. O positivo localiza-se na parte superior do crânio, no sítio em que os cabelos formam um redemoinho e é facilmente encontrado na cabeça de uma criança. O polo negativo encontra-se no cóccix. ou seja, a última vértebra. Entre ambos circula uma corrente de freqüência extremamente alta e curtíssimo comprimento de onda. Essa tensão é a VIDA!
O veículo da vida é a coluna vertebral
Querendo manifestar-se, expandiu-se a Vida até à vértebra mais alta da coluna vertebral e converteu-a num crânio. Converteu o fino material de que êle se compõe em condutor de corrente e deu-lhe habilidade para expressar inteligência e sentimentos. Dessarte, veio a existir o cérebro. Através desse material a vida quir ver, ouvir, cheirar e sentir. Assim evolveram or órgãos dos sentidos: olhos, ouvidos, nariz, bôca e nervos sensitivos. A fim de mover-se no espaço e poder agir criou pés e mãos, para que essa criatura pudesse continuar a existir e proporcionar um substituto em caso de deterioração, criou os vários órgãos de reprodução e propagação. O sistema nervoso serve de transmitir a corrente vital.


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